Thursday, November 10, 2005

Até quando?

Há decadas que os mercados bolsistas são sinónimo de progresso, dinâmica, desenvolvimento e eu sei mais lá o quê. A maioria das economias ditas "abertas" cresceu e cresce muito em função da perspectiva e pouco do resultado. Para o "investidor" é muito mais interessante multiplicar que sustentar. X milhões de lucro valem bem menos na bolsa que Y por cento de crescimento previsto. Faz lembrar um pouco a relação a espumante notícia escandalo que anima o noticiário e a residual condenação, muitos anos depois, em tribunal. Ninguém está realmente interessado na sustentabilidade do investimento nem na inocência do individuo. O que interessa é tirar o máximo partido de um espectáculo cada vez mais fugaz e intenso. Mais e Mais. E de espectáculo em espectáculo vamos sendo forçados a reduzir uns números e aumentar outros. Pouco importa o resultado final. Desde que se maximize a receitas e reduza os custos. Mas ... e quando chegarmos ao fundo do prato? Quando não houver mais e mais? Vamos viver do quê? Do que efectivamente valemos? Espero que sim.

Sunday, November 06, 2005

Exemplos



(Bombain - 15 milhões de habitantes - Carregadores)
De volta à irrealidade

Pois. Cá estou. Viver neste rectangulo e, ao mesmo tempo, encontrar inspiração para alimentar espaços de reflexão é bem dificil. Felizmente ausente 3 semanas deste "paraíso" mas, quando volto ... plim! O noticiário era o mesmo. Bem. O mesmo não. Afinal agora chovia mas, claro, não é suficiente. Nada é suficiente neste país. Suficientemente bom, grande, pequeno, alto, baixo. Está sempre algo mal. Talvez não tenhamos sido sempre assim (eu dúvido) mas há anos que não ultrapassamos a fase do "não". Felizmente já se vai falando do fenómeno mas o movimento do "não" é e continuará a ser esmagador. Porquê? Porque ninguém está realmente interessado em combatê-lo. A começar pelos media. É muito mais fácil vender imagens e textos de pessoas revoltadas do que cidadãos informados e colaborantes. Constatemente a alimentar uma fogueira de egoísmo. É uma máquina de movimento perpétuo. Sonho de qualquer físico conseguido através da psicose.

Interessante também foi constatar que afinal este sentimento de inconformismo destrutivo (!) não está circunscrito ao nosso canto. A França está agora (?) a braços com uma crise idêntica mas uns pontos acima (havemos de lá chegar!). Uns quantos, os excluídos e vitimas do costume, que acham que têm tantos direitos (ou mais?) que os outros que produzem, trabalham e levam para casa o respectivo produto. Coitados, não lhes dão oportunidades. Mas esse é precisamente o problema. O facto de existirem pessoas à espera de ofertas dos outros. Dar oportunidade? Será que eles as querem? Não será antes e apenas o produto contribuindo pouco ou mesmo nada para isso? Não têm formação, escolas? Que tal investir e trabalhar para isso? Que tal contruir em vez de destruir? Sinceramente estou a ficar cada vez mais liberal nas politicas sociais porque para elas surtirem efeito é preciso que os destinatários estejam à altura do sacrificio de todos os outros. Mas não estão. Nem estão interessados. São egoístas e egocentricos disfarçados de incompreendidos. E depois refugiam-se em questões acessórias como a religião. Deviam ter vergonha. O ministro do interior francês foi (bastante) infeliz nos termos que utilizou para os adjectivar. Mas apenas isso. Como politico não devia ter verbalizado o que vai na mente de todos os franceses e provavelmente de toda a europa. São escumalha sim senhor! Em vez de se perder tempo à procura de causas e culpados (os europeus perderam completamente o pragmatismo, está visto) importa colocar os fora da lei dentro! Se alguém tem dúvidas em relação a isso é porque não tem bens nem a vida em risco. Essa é que é essa. Estamos todos muito confortáveis nos nossos sofás a ver casas, carros, fabricas, lojas a serem destruídas e com a tentação de pensar: coitados dos excluídos. Não são africanos e também não são europeus. NÂO????? Mas se calhar são de clubes de futebol, de movimentos politicos, de gangs. Nesses eles não tiveram dificuldades de integração. Pois.

Vindo recentemente da India, é interessante constatar como num país do terceiro mundo, com situações de verdadeira miséria, se vive em paz e harmonia em que cada um está muito mais interessado em produzir para comer do que andar a arranjar esquemas e desculpas para ter uns ténis de marca.

Europeus: Tenhamos vergonha. Muita Vergonha.