Saturday, April 16, 2011

Tempos interessantes, estes

Muito se fala e se escreve sobre a crise financeira em que aterrámos vai para 3 anos ou mais. A culpa é de A ou de B? É de todos nós. Teremos finalmente batido no fundo? Sinceramente acho que não.

Há uns meses valentes eu achava que esta crise era artificial não porque não fosse real mas porque a "impressora de notas" (*) de que viviamos tinha avariado. Era o sinal, pensei eu! Todavia, os meses passaram e em vez de trocarem de "impressora", limitaram-se a colocar novos "tinteiros" esquecendo-se que tinha desaparecido o papel (que objectivamente nunca existiu).

Portanto agora, estamos a sofrer a consequência de dependermos da máquina infernal de que temos beneficiado mas que nos comanda a vida sem darmos por isso. Esta máquina é o resultado supremo da ganancia humana. Do lucro fácil, imediato e a qualquer custo a uma escala global. Objectivamente votamos em políticos convencidos que temos o poder de decidir quem nos governa mas, de facto, quem nos governa é o dinheiro e esse não é dos políticos, nunca foi.

Vejam se isto não é caricato:

A crise financeira começou, alegadamente, com o "subprime" nos EU. Essa crise colocou à vista de todos que generalidade das instituições financeiras (e não só) de todo o mundo cresciam há anos baseadas em transações e especulação com risco crescente até que este se tornou insustentável. O colapso tornou-se inevitável sem uma intervenção "suprema". Esta intervenção foi, penso eu agora, erradamente protagonizada pelos estados. Foi um aparente sucesso e a finança foi resgatada mas a que custo verificamos agora? Basicamente grande parte do valor que desapareceu na crise (nunca existiu, ponto!) foi substituido pela divida suberana e, verificamos agora, que os estados que evitaram o descalabro financeiro ficaram reféns da máquina que tinham acabado de salvar. Esta, não tendo desaparecido, tem obviamente necessidade de alimento... de incautos... o cidadão contribuinte anónimo que depende unicamente do seu trabalho e cujos governantes simplesmente não tiveram o discernimento e os ditos para endereçar sustentadamente o problema... porventura (mal) aconselhados pela máquina omnipresente.

Claro que cada caso é um caso e esta visão é muito simplista, assumo. Por exemplo lembro-me desde sempre que Portugal sempre importou mais do que exportou. Obviamente somos um país inviável sobre esse aspecto e mais tarde ou mais cedo pagaríamos um preço... mas porquê agora?

Todavia não estamos sós, longe disso, nestes tempos desafiantes em que elites mais ou menos anónimas, sejam estas individuos ou corporações, controlam o destino de países e continuam, quiçá em crescendo, a acumular ganhos e poder. Não tem como.

É absolutamente obsceno que ninguém tenha trocado ou mesmo destruido a "impressora" ou pelo menos alterado radicamente o seu funcionamento e/ou controlo. Acresce que centenas de milhões de cidadãos continuam e continuarão a pagar a factura sem que, ao menos, os respectivos responsáveis tenham sido "eliminados" do circuito.

Mas houve consequências. Nada mudou e continuamos para bingo.

Assim, algo de verdadeiramente disruptivo nesta sociedade acabará por acontecer por isso são tempos interessantes estes... os que agora vivemos.




(*) mercado bolsista