Finalmente as mentes "iluminadas" começam a perceber que isto da austeridade por si é receita para coisa nenhuma (ver post da Eunice Goes ).
O que eu acho estranho é que se tenha levado tanto tempo a chegar "aqui". Como tudo na vida é necessário equilibro e, como diria o “outro”, também é necessário fazer as contas. Se alguém se tivesse dado ao trabalho de as fazer (os nossos governantes por exemplo) rapidamente teriam concluído que estávamos a iniciar um caminho para o abismo.
Contudo, o mais grave é que ou governação europeia optou por
este caminho com base na "fé" (nitidamente o caso do nosso governo de
gente impreparada e, sobretudo, inculta) ou, ainda mais grave, existe efectivamente
uma agenda secreta que tem como objectivo não propriamente empobrecer países (será
um dano colateral) mas criar condições para que parte da europa do Euro seja
competitiva relativamente às economias emergentes. Portanto uma espécie de
plano de rollback destinado a corrigir erros do passado que tornaram a Europa
produtiva demasiado dependente do Oriente na ideia (errada) que um continente
poderia subsistir de trabalho intelectual e serviços.
Pessoalmente julgo que os grandes grupos económicos europeus
têm efectivamente uma agenda de rollback (ainda que não concertada) e com isso
vão influenciando directa ou indirectamente uma fraca geração de políticos sem
visão nem projectos de longo prazo. Caso não tenham, arriscam-se a colapsar
assim que a “vantagem intelectual” desaparecer. A Coreia já descolou e não deve
faltar muito para China e Índia comessem também a dar cartas em todos teatros
sendo que contam com vantagens de escala que a Europa nunca poderá ter.
No final, vamos acabar por não resolver um dos problemas que
nos trouxe até aqui: a desregulação dos mercados financeiros. Enquanto a
especulação for um dos principais, senão o principal, motores das economias “modernas”
estaremos condenados a estes espasmos. Mas isto já é outra conversa :-)