Monday, January 15, 2007

Penalizações

Devo ser obrigado a ter um filho que não quero?

Esta é uma das questões que deve ser respondida pelos partidários da penalização da interrupção voluntária da gravidez (PIVG). É extremamente simples gritar pelo ar o "SIM à vida". Mas "SIM" a que vida? A sua? Claro que não. A dos outros. Claro.

Ao contrário da generalidade das leis cujo objectivo primeiro é garantir a liberdade dos cidadãos, esta condiciona-a em definitivo. E condicionar é um termo que considero ligeiro. Devem existir poucas coisas mais tristes do que vir a este mundo sem se ser desejado. Claro que tudo pode vir a correr bem. Como também não. E os únicos em condições de fazer um prognóstico sério são os pais ou, em última análise a mãe. Nunca um tribunal quem nem um processo de adopção sabe decidir.

Claro que podemos ainda enveredar por discussões mais ou menos vazias sobre quem pagará a interrupção ou se esta poderá passar a ser mais um método contraceptivo (medo). Coisas que, enfim, se resolvem com orçamentos, taxas moderadoras, informação e sensibilização.

Mas efectivamente o que está agora em cima da mesa é "apenas" a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez até às 10 semanas. Nem mais. Nem menos.

SIM à vida mas também SIM à despenalização.

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